segunda-feira, 31 de janeiro de 2011






Quero nascer

A viagem da alma. O percurso intemporal do amor, da energia universal e da consciência absoluta ou cósmica. O desenhar da ficção num conteúdo personalizado, cujo perfil é animado pelo sonho e a fantasia ao encontro da vida material.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mommy... daddy... quero nascer...





Mom, dad, estou a caminho e já tenho cinco centímetros.


Não esperavam por mim ainda... eu sei... 


mas eu vim, porque quero muito




estar com vocês...




Vou chegar e dar muitos beiji-
nhos e abracinhos muito apertadinhos ao pai e à mãe, na minha casa na terra, onde está um quartinho lindo à minha espera... e quero logo vestir aquela roupinha linda que o pai comprou para mim.


Estou num lugar muito bom e muito bonito chamado "Akasha", que é maior do que tudo e tem o conhecimento de tudo.

Daddy... mommy... vocês chegaram antes de mim para terem tempo de crescer, ficar juntos e formar uma família outra vez, porque já estivemos juntos noutras vidas e gostámos tanto e aprendemos tanto, que decidimos vir outra vez à terra.

Sou uma filha do cosmos, como a mãe e o pai e todos... e venho de uma galáxia muito distante do espaço, onde agora está a terra e vou chegar num tempo a que chamam Junho. O dia e a hora... oh!...não posso dizer... alguns seres da terra têm sintonia com o espaço não visível e têm algum conhecimento dos registos akáshicos e por isso conseguem saber algumas coisas do que vocês aí chamam "futuro"... mas pouco.

O mundo de onde venho é muito mais elevado ou evoluído, como vocês dizem... e o pai e a mãe também vieram de cá, só que, no momento em que nasceram a memória física ficou bloqueada, como vai acontecer comigo e com todos que fazem esta viagem.

Infelizmente, a terra ainda está numa frequência muito baixa. Por isso, uma parte do cérebro continua no domínio do akasha e é como se não o tivessem, porque não é usado. Apenas uma pequena parte fica acessível para entrar na frequência da terra e assim, os seres da terra podem viver com toda a liberdade e serem donos da sua vontade e um pouco do seu destino, porque a terra ainda está no livre arbítrio, para cada um poder escolher a melhor maneira de evoluir. 

A memória total, a que tem o conhecimento de tudo, porque pertence ao akasha, só volta a ficar livre no momento da "passagem", que acontece quando voltamos a deixar o corpo físico para retornarmos ao ser original e então teremos novamente acesso aos registos sagrados. Agora é a minha vez de reencarnar e mais uma vez terei um corpo físico na terra.



Foi muito bom estarmos juntos, no que vocês chamam "passado", mas o "presente" é bem mais importante porque, com o nascimento, o passado perde-se na memória do tempo da terra e com ele tudo o que foi bom e mau. O mesmo não acontece com a alma, que está sempre presente para nos ajudar a despertar a consciência. Por isso nunca estamos sozinhos e temos sempre a possibilidade de crescer, adquirindo mais ensinamentos para sermos cada vez melhores e aperfeiçoarmos o ser. Chama-se a isso o "conhecimento". O conhecimento da alma.

Mom, dad... sabem... a alma e o espírito são quase a mesma coisa, mas não. É assim... mais ou menos... a alma é a qualidade o espírito a quantidade. Temos que sentir para entender.




Quando iniciamos a viagem do nascimento, ainda estamos no estado de luz e o espírito ainda está no akasha. Não temos corpo físico, estamos livres da matéria e por isso sabemos tudo e podemos tudo. Depois, ao entrarmos na cápsula fofinha e quentinha que vocês chamam "placenta", entramos no espaço ou tempo, onde o nosso corpo se forma e vai crescendo, crescendo... e à medida que vai crescendo, vamos esquecendo o conhecimento que já tínhamos adquirido em corpo de luz, porque a matéria nos condiciona. Mas é preciso voltar à vida porque, de cada vez que reencarnamos, também crescemos espiritualmente. A experiência física traz um grande progresso à alma e a alma precisa de expandir o espírito cada vez mais. É o caminho da "evolução".


Entretanto, enquanto a nossa forma física vai crescendo, o nosso espírito vai passando do macro para o micro cosmos. Depois do nascimento, o corpo cresce e o espírito acompanha esse crescimento. Na terra crescem os dois ao mesmo tempo. A alma acompanha e está sempre presente, com corpo físico ou não, porque ela é a nossa essência mais pura.


É bom estar de volta! Mommy... daddy... porque gosto muito de vocês e também gosto muito  de toda a minha família na terra.


Dad... mom... sabem... há muita coisa a fazer na terra. Os anjos estavam reunidos num plenário e diziam que missões especiais precisam de seres mais bem preparados. Ouvi um anjo que manda mais, dizer que temos que estar sintonizados para não perdermos o intuito primário. E outro dizia que muitos dos seres que reencarnam desviam-se completamente do caminho traçado pelos céus, ou seja, abandonam a sua missão na terra. Perdem-se por atalhos que não lhes estão destinados. Uns, porque se agarram muito à vida material, outros, porque não respeitam os conhecimentos originais, nem as leis universais do ser divino que são.


Também ouvi o anjo dizer que a mãe e o pai fazem parte de uma elite destinada a operar grandes mudanças que beneficiarão não só o planeta, como toda a vida na terra e no céu - o céu também é o akasha - e o anjo disse que essa mudança é necessária. Todo o universo reclama essa necessidade imperiosa.


Existem mundos de natureza superior, em diversa escala, com conhecimento espiritual muito avançado que, por amor e lealdade, querem resgatar a terra com tudo o que a envolve. Nada se pode perder. Mas tudo se pode transformar. E é dessa transformação que o cosmos cuida, a fim de que a unidade não se perca.

Mas isso está a ser muito difícil, disse o anjo, porque a desigualdade é cada vez maior e todos os valores se estão a inverter. Ele disse que era preciso canalizar toda a energia possível para ajudar na preparação da grande mudança. Vai ser preciso ter muita coragem e cada um acreditar muito em si mesmo. Na terra chamam a isso "fé". É preciso ter fé.


Mommy, daddy, gosto muito, muito, de vocês. Os outros bebés falam da família deles na terra e contam o que fazem os pais e alguns falam dos irmãozinhos. E eu digo que não tenho irmãos ainda, porque os meus pais da terra ainda não puderam, porque os dois são cientistas e trabalham muito e estudam muito e vão muito tempo ler os livros à biblioteca, como diz o tio Pedro, não é verdade mommy? Sim, o tio diz que são ratos de biblioteca, é tão engraçado, ah ah ah! ... mas ser cientista na terra é muito importante e de muita responsabilidade, não é? E o meu tio Berto também é cientista e a minha tia Clarinha... 

Estou com soninho... vem aí o meu amiguinho anjinho que vai tocar a música que eu gosto... é muito bonita... para eu fazer um óó, ai, ai... beijo mommy... beijo daddy...



Quando eu crescer quero ser igual a vocês, linda e inteligente. É esse o significado do meu nome, Sofia, "sabedoria", que é de origem grega, não é? Vou ser linda! Ainda não escolhi a cor dos meus olhos... verdes, iguais aos do pai ou negros, como os da mãe? E os cabelos... claros como os do pai ou negros como os da mãe? Os dois são lindos, não sei o que fazer. Vou perguntar a um anjinho brincalhão, que às vezes vem junto de mim sorrir e dizer adeus, o que ele acha que me fica melhor. Quero ser uma menina muito bonita!



No akasha, enquanto vamos a caminho, encontramos outros bebés e brincamos e rimos muito. Alguns dormem, dormem e não vêm nada. Enquanto vemos, aprendemos e ficamos com mais conhecimento. Entre as sonecas, olho lá para fora e vejo o mar de luz que atravessamos para chegar à terra. É tão bonito e tão bom estar aqui!... Vamos crescendo e ficando mais gordinhos para não chegarmos aí doentes e dar trabalho aos pais...

Às vezes aparecem umas nuvens grandes de algodão branco, muito fofas, para não nos magoarmos e quentinhas para não nos constiparmos. Outras vezes, fica escuro e vêem-se ao longe muitas e muitas estrelinhas e depois vamo-nos aproximando delas e por cada uma que passamos ficamos mais bonitos, porque elas nos dão luz, todas diferentes, todas muito bonitas e os bebés todos, ficam muito contentes.

Alguns não querem continuar, querem ficar na brincadeira com as estrelinhas mais pequeninas, mas depois elas ajudam a indicar o caminho para não se perderem, nem chegarem atrasados. As estrelinhas são muito amiguinhas e elas gostam muito dos bebés. E outras vezes aparecem os anjinhos que vêm cantar e tocar música para embalar os bebés mais desassossegados e que fazem mais barulho.



Mommy, daddy... eu ainda estou no akasha, mas já estou com vocês porque, no akasha, que é a base da criação, é onde está tudo ao mesmo tempo e onde acontece tudo ao mesmo tempo. No akasha só há um tempo. Tudo é um só tempo. Não existe passado, nem presente, nem futuro. A mãe percebeu? E o pai também?

Aí na terra, chamam a isso "mundos paralelos" ou vidas  paralelas. Os mundos paralelos são o inconsciente colectivo onde coexistem o todo e o vazio. O meu pensamento agora... o meu espírito... ainda pertence ao princípio original ou fluido cósmico universal... isto é muito difícil de compreender, mas tudo se interliga e faz sentido através do amor, que foi a energia universal que me chamou novamente à vida física e material.

Mommy...   daddy...

Quando eu estiver com vocês na terra, vou olhar para o céu para ver as estrelas. Elas levam-nos nesta viagem e ficam sempre a ver-nos e sempre me vão acompanhar. E as minhas estrelinhas e as da mãe e as do pai, estão sempre todas juntas e as de todas as pessoas também. Elas estão sempre juntas, porque vivem todas no espaço e estão colocadas sempre num equilíbrio que não se vê... mas que se pode sentir. É uma calma e uma tranquilidade muito grande. Chama-se a isso "paz". O akasha também é a paz... e também é o amor.

Na terra também há estrelas como no céu. São seres de luz. Eu sou isso e quando nascer vou continuar a ser. A minha memória fica faseada mas uma parte vai ficar ligada a uma estrela grande, que se chama "sol" e que nos dá a vida na terra, para sermos luz, amor e alegria. E o sol junta-se às outras estrelas que vêm ajudar a trazer muito mais luz. A luz que existe no céu e se vê, também existe na terra, porque tudo pertence ao akasha.

Mommy, daddy, são horas de dormir mais um soninho. Beijinho, beijinho...
                                                            







Dormi muito, mommy, parece que o meu cabelo cresceu. Daddy, parece que os meus braços e as minhas pernas estão mais compridos. Será que vou ficar bonita? O meu amiguinho disse que ia trazer um espelho para eu me ver. Os bebés que vão comigo também cresceram todos. Estão maiores e estão tão giros! Ah ah ah...

Já falta pouco para poder brincar com os primos. O akasha já está a ficar distante e a terra a aproximar-se. Gosto muito do meu nome - Sofia. É lindo, não é? O que vou fazer quando crescer? Estou muito confusa. Posso ser cientista... mas também posso ser... (?)... o quê... hum...quero ser mãe, como a mãe e a avó Filu e a avó Lili. Posso ser dançarina, como a Sarah. Ela é linda! Posso estudar música e tocar violoncelo como a Mariana ou piano como o António. Eles são muito bonitos! Posso ser professora e ensinar os meninos a ler e a fazer contas. Mas primeiro quero brincar muito com a Carolina. Ela é tão fofa! E com o Gonçalo e o Diogo também. Eu gosto muito deles e eles são meus primos, não é mommy? A Tamy e o Tutu estão longe, numa terra chamada Brasil. Oh, eu gostava tanto que eles estivessem connosco. Íamos brincar e rir muito... ah ah ah... 

Daddy, daddy, quero logo ir ver a bisavó Virgínia, nos Açores. Se o pai não puder, nem a mãe, por causa do trabalho, o avô pode-me levar. Vou com ele no avião e ele faz desenhos para mim, como fazia ao pai, quando o pai era pequenino. O avô desenha muito bem! Ele fazia desenhos lindos e vai fazer muitos para mim também, não vai? E também vou querer ir à televisão, onde trabalha a avó Lilly e depois vamos ao centro comercial e ela compra vestidinhos lindos para mim e lacinhos para prender o cabelo e pulseiras bonitas. Vai ser muito divertido, ah ah ah... e também vou com a avó Filu e os primos ao jardim, que eu gosto muito dela e vamos ficar todos sujos e temos que tomar banhinho quando chegar a casa. E posso pedir um gelado? E depois os primos também querem e depois não há mais e depois brigamos e choramos muito... 


Mommy, daddy... o akasha é o equilíbro das energias negativas e positivas e o bem e o mal estão juntinhos e nunca brigam, como acontece na terra, onde há sempre guerras e coisas assim.







Mommy, eu cresci mais... já estou a ficar apertada na minha cápsula que era muito grande e eu podia nadar... agora já não posso e ainda vou crescer mais, como é que vai ser?... Vou ficar aqui muito encolhidinha, mas a minha cápsula também vai esticar, não é?

Mommy, vi passar dois bebés juntos na mesma cápsula... coitadinhos... e também já vi três! Eles ficam muito apertados, coitadinhos!... E eles eram iguais... estavam muito contentes e diziam que eram gémeos. Eu também queria um gémeo!... Oh não, depois ficava muito apertada e tinha que dividir o meu quarto... mas tinha um mano ou uma mana para brincar!?... Não faz mal, tenho os primos e a mãe e o pai brincam comigo, quando não estiverem a trabalhar, não é? E depois vêm as avós e o avô também...somos muitos?!... Que bom!...

Agora vou deixar estes bebés e vou conhecer outros, porque um anjinho me veio dizer que a minha cápsula vai para um lugar na terra chamado Nova Iorque, que fica nos Estados Unidos da América, na terra, por isso vou conhecer outros bebés. Daddy... vou ter saudades mas eu volto depressa e ficamos juntos outra vez. A mãe vai ficar sozinha comigo, mas eu vou-me portar muito bem para ela não ficar triste... daddy não chora por favor, a mãe e eu voltamos depressa. Não chora, não fica triste. Beijo, daddy...

Estou a crescer e a engordar e a minha cápsula também está maior. Preciso pedir ao pai para comprar mais roupinhas para mim. Mommy compra coisas bonitas, por favor. As avós também já compraram coisas e já tenho um carrinho lindo para ir à rua passear. Vou ter uma caminha linda!

Mommy, estou sempre a crescer e os outros bebés também. Estamos todos a ficar com pouco espaço. De vez em quando espreguiçamo-nos para esticar a cápsula e arranjarmos mais espaço. A minha cápsula era pequenininha, agora está muito grande e vai crescer mais! Parece que vai explodir.

Mommy, estão a aparecer uns bebés muito pequeninos, quase que não se vêm. Há bebés de todos os tamanhos, mas eu vou com os do meu tamanho. Depois, quando chegar a hora do nascimento, os anjinhos colocam-nos por ordem, na fila e ajudam-nos a abrir a cápsula para sairmos. Será que vai custar muito? Há uns que querem ir todos ao mesmo tempo e empurram-se. Outros ficam com medo. Eu não vou ter medo! Quando chegar a minha vez eu saio e pronto, vou ficar ao lado da mãe e do pai, muito feliz, com todos a darem-me muitos beijinhos, mas primeiro quero a mãe e o pai.


Ai, estou cada vez maior. Enquanto estive na América cresci muito. Agora vou outra vez para onde estava antes, que é Portugal. A mãe vai muitas horas no avião e eu vou dormir na minha cápsula. Depois, está lá o pai à espera e eu continuo na minha cápsula. Ainda falta um tempinho para eu nascer, mas já não falta muito.

Mommy, quando eu nascer, eu quero as minhas avós e o meu avô ao pé de mim. Se eles gostam de mim, têm que estar comigo, como a mãe e o pai, está bem? Será que elas vão querer? Eu quero. Quero andar ao colinho delas e quero que me cantem canções bonitas, que elas sabem. E se eu chorar elas embalam-me... a mãe e o pai não precisam de se preocupar, porque elas sabem tudo e tratam de tudo e vão-me ajudar a crescer.

O pai comprou a primeira roupinha para mim, mas agora já tenho mais e também tenho outras coisas... muitas. Já tenho chuchas... todos os bebés têm chucha, porquê mommy? Eu também tenho que ter? Ah, já sei, é para não chorar, não é? Mas eu sou linda, não vou chorar... e também vou ter brinquedos. Eu quero brincar muito. As avós já compraram coisas lindas para mim.

Quero nascer. Já estou farta de estar aqui. Mommy, já estou muito apertada e a minha cápsula já não é tão grande. Já posso ir, mas não sei como é que vou sair daqui. Não há porta. Mommy, mommy, preciso de ajuda!!! Aqui já está muito escuro. Quero sair... quero sair!... Daddy, vem ajudar, eu quero sair e ficar juntinho com vocês. Já não quero estar mais aqui, quero chegar à terra. Vou chorar!...


Mommy, não sei o que aconteceu, mas um anjo grande veio ter comigo e trouxe dois anjinhos pequeninos e depois disseram que eu tinha que ficar mais algum tempo, porque ainda não estava na minha vez de nascer. Já percebi. Quando eu estava mais atrás, também aconteceu o mesmo. Apareceram alguns bebés a meterem-se à minha frente e estavam muito agitados. Depois vieram buscá-los e eles foram para o lugar deles.

Portei-me mal, mas agora vou ficar bem. Os dois anjinhos pequeninos são muito engraçados e vão ficar a tomar conta de mim. Eles são giros e divertem-me muito e assim eu fico mais sossegada. Eles fazem-me dar muitas gargalhadas. Andam às cambalhotas, pulam em cima das nuvens e saltam de umas para as outras. Depois apanham estrelinhas e jogam à bola com elas e vêm a escorregar lá de cima das nuvens mais altas e mergulham no éter e têm uns canudos com que fazem bolinhas transparentes, umas pequeninas, outras maiores e outras muito grandes, coloridas e chamam-lhes arco-íris... é tão lindo, mommy, depois fingem que se vão embora para eu os chamar, cantam e têm umas flautas de prata e saltam as notas douradas a cantar e a dançar em roda... é uma festa mommy, quando chegar vou contar tudo ao meu daddy. Eu gosto muito do meu daddy, mommy, muito, muito... e da mommy também...




Já estou muito crescida e a minha memória já não sabe aquelas coisas todas que sabia. A minha sintonia já está muito próxima da terra e agora tenho que fazer o que os anjinhos da protecção aos bebés dizem. Temos que obedecer a eles porque eles sabem o que é bom para nós e agora estou outra vez ao pé dos bebés meus amigos e tenho que esperar como eles.

A prima Tammy que está no Brasil diz que quando for grande quer ser médica veterinária, bailarina e namoradeira. Mommy, ela não pode ser isso tudo, se não, não sobra nada para mim!? E se eu também quiser ser bailarina? Como é que vamos fazer? Posso ser também? E namoradeira? O pai e a mãe deixam? Depois a gente escolhe, não é?

Ai mommy, estou com sono, preciso de dormir. O pai? Quero o daddy, mommy, onde está o meu pai? Mommy, porque é que ele não está connosco? Ele foi-se embora? Eu quero o pai, eu quero, que eu gosto muito dele e vou ter saudades dele.

Ah... os anjinhos pequeninos disseram para eu não ficar triste, porque o daddy foi para a terra onde eu vou nascer e depois vamos ter com ele, não é mommy? Que bom! Já não falta muito e quando chegarmos já posso nascer? Ah, tenho que esperar pela avó Filu e se calhar a avó Lili também vai estar. Estou quase a nascer. Daddy, daddy... já vamos para aí.

Como é que eu faço para nascer? Não sei! Se eu não conseguir vou ficar aqui para sempre?! Não pode ser, porque eu vim para estar na terra com vocês. Tenho que perguntar aos anjinhos da protecção dos bebés como é que se sai. A mãe ajuda-me e o pai também? Se eu sair a chorar não fiquem aflitos. Disseram-me que quase todos os bebés saem a chorar. Mas eu não vou chorar.


Mommy, estamos quase a ir ter com o daddy. Ele já está à nossa espera e está muito triste por estar longe de nós. A mãe e o pai não gostam de estar longe um do outro, pois não? Porque são muito amiguinhos e estão sempre a dar beijinhos e abracinhos um ao outro. Ah ah ah... quando eu chegar também quero muitos beijinhos.





Mommy, quero sair daqui, mommy, já estou farta de estar aqui. Oh!... já estou aqui há muito tempo. Já não gosto. Quero ir para aí e ficar com o pai e a mãe. Mas como é que eu faço? Já vieram outra vez os anjinhos da protecção dos bebés e queriam pôr-me de castigo. Agora tenho que ficar muito quietinha. E dizem que tenho que comer mais. Depois veio o anjo grande e disse que eu já estava a sair do Akasha. O que é o Akasha? Eu não sei o que é isso!? Mas ele disse que era o lugar de onde todos os bebés vinham. Mommy, eu vim da barriga da mãe, não é? O pai pôs uma sementinha, a mãe pôs outra, as duas juntaram-se e eu comecei a crescer dentro da barriguinha da mãe, não foi?! Porque é que ele disse aquilo? Eu não conheço aquele lugar. Onde fica? O pai e a mãe estavam lá? Não percebo nada. Mas os anjos não podem mentir, pois não mommy?

Daddy, daddy! ...

Mommy, estou com saudades do meu pai e ele também tem muitas saudades nossas, por isso temos que ir depressa para ele não ficar triste. Mommy, mommy, vamos... eu vou dizer aos anjinhos que temos que ir para lá. Eles podem-se esquecer de nos levar e o pai está à espera. O pai já comprou um carro lindo para nos ir buscar ao aeroporto... vamos, mommy, vamos... e a avó Filu quando vai? Ela vai lá ter, não vai mommy? Eu quero a minha avó ao pé de mim. Ela está sempre com os meus primos, agora tem que estar comigo...



Tenho sono, muito sono e estou muito cansada... vou dormir. Lá vêm os meus amiguinhos tomar conta de mim. Primeiro tenho que comer a comidinha boa que eles me trazem. Eles dão-me coisas muito boas e docinhas e depois cantam canções bonitas para mim, ah ah ah ... mommy, já estamos em Inglaterra, o lugar onde eu vou nascer. Agora já temos o daddy. Ai, estou tão feliz!... E a mãe também...

 
Daddy, já estou mais crescida e muito gordinha. Os bebés aqui em Inglaterra são diferentes. Eles dizem que eu sou linda e gostam de mim. Estou quase na nossa casa nova e agora posso descansar muito. Preciso de dormir para acabar de crescer e ficar mais forte e bonita. Estou feliz, daddy.

Tenho comido muita coisa boa e também tenho dormido muito e agora vou ficar muito bem comportada até nascer, porque está quase. Estão todos à minha espera. A vó Xila e o vô já vieram de um lugar chamado Veneza, em Itália e quando chegaram perguntaram logo se eu já tinha nascido. Mas eu não posso. Temos que esperar que nos venham buscar e dizer que está na hora.


A tia Guida e os outros tios todos também estão à minha espera e perguntam por mim. Mas têm que esperar. O anjo disse que temos que esperar a nossa lua. Estou ansiosa por saber qual é a minha lua, porque ela também vai ser responsável por mim, na terra, depois do meu nascimento. A lua fica muito perto do sol e também nos dá luz. Quando o sol vai descansar e nos deixa dormir, a lua aparece e toma conta dos nossos sonhos enquanto dormimos, para descansarmos melhor e acordarmos bem dispostos até o sol acordar.

Já estamos na nossa casa nova que é muito bonita. A mãe e o pai estão muito felizes porque já estão juntinhos e vão ficar à minha espera. Já estão a chamar alguns bebés que vão um pouco mais à frente que nós. É sempre uma confusão porque uns querem ir antes e não podem e outros não se despacham e ficam para trás. Quando for a minha vez eu vou logo. O anjo disse que já estamos na atmosfera da terra e eu não sei o que é isso e passou um grupo de anjos apressados dizendo que íam receber mais sementes de bebés que estão a chegar ao Akasha. Porque é que vão para o Akasha? Onde é que fica isso? Quando eu nascer e crescer a mãe e o pai ensinam-me essas coisas que agora são muito complicadas. Os bebés são todos muito pequenos para entenderem essas coisas.

Mommy, os anjinhos da protecção dos bebés já se foram embora. Agora estou com os outros que se encarregam directamente do nascimento dos bebés. Eles disseram que já está tudo bem comigo e que já não precisam de estar sempre ao pé de mim a tomar conta e a dar-me pápa e essas coisas... será que me portei muito mal, mommy? O pai não vai gostar nada disso. Mas eu vou-lhe dar muitos beijinhos e dizer que o amo muito e ele vai desculpar.


Mommy, é preciso dizer à avó Filu que venha logo. Ela pode esquecer-se e depois o avião vai e ela fica. Eu quero ela aqui quando eu nascer. Ela vai gostar muito de mim, não vai, mommy? E depois os primos vão ficar com ciúmes, mas eu agora sou a mais pequenina e preciso muito da minha avó e da avó Lilly também, se não ela fica triste. Eu sei que elas gostam muito de mim.


Daddy! Estou quase a chegar. Daddy, a minha lua já está a chegar. Estão a sair os bebés da lua anterior e depois é logo a minha. Só falta um bocadinho. Só um bocadinho. Daddy, estou muito feliz!

Os anjos da minha lua estão a chegar para ajudar estes e vão ensinar-nos tudo o que precisamos de saber para podermos nascer. Vou ficar com saudades dos meus amiguinhos anjinhos brincalhões, que me faziam rir muito e aos outros bebés também. Vou ficar com saudades da minha cápsula fofinha que está dentro da barriguinha da mãe. Vou ficar com saudades... oh, não!!! Estão a dizer que quando eu nascer me esqueço de tudo... não me vou esquecer nada. E também vou ter saudades destes bebés todos da minha lua. Estavam uns anjinhos pequenos a dizer que depois do nascimento e depois de crescermos nos vamos encontrar pela vida fora. É verdade mommy? Eles disseram que é por causa de sermos todos da mesma idade. Mas estou um bocadinho triste porque também ouvi dizer umas coisas esquisitas. É que, alguns bebés, os pais não queriam que eles nascessem... eu não percebo, mommy. É assim, se não queriam os bebés, porque é que puseram as sementinhas? Não precisavam! Guardavam para depois, para quando quisessem. E também ouvi dizer que nem todos os bebés vão para as mães deles. Alguns vão para outras mães que querem e não têm sementinhas. Porquê, mommy? As sementinhas podem-se comprar? E se calhar são pobres e não têm dinheiro... estou triste, porque alguns bebés estão mesmo tristes. Nem todos estão felizes com o nascimento. Eu queria nascer. O pai e a mãe sabiam que eu queria nascer. Disseram que eu não devia ter vindo ainda mas eu não fiquei triste porque eu sei que era para vir... se o pai e a mãe puseram as sementinhas é porque era para eu nascer. E eu também queria. Estou muito, muito feliz e o pai e a mãe também, não é mommy? Por isso, quando nos vierem buscar para a fila do nascimento, que está quase a ser, eu vou dizer: 

O meu nome é Sofia             
   e quero nascer!...

     *** *** *** *** *** ***  *** *** 


                 Cambridge, 27 de Junho de 2011




                                                                           (c/som)















Escrito durante toda a gestação, e terminado cerca de duas, três semanas antes da data prevista do nascimento. Um pouquinho de cada vez, no silenciar da noite, antes de deitar para dormir, quando o tempo livre o permitia, depois de relaxar do cansaço do trabalho e de tudo o resto, através de uma simples canalização de energia, que permitiu a perfeita conexão de espíritos, sintonizando a mais pura vontade da alma, na sua manifestação singela e inocente e respeitando todos os princípios vitais da unidade do Ser, quando todos as barreiras se derrubam para dar lugar a uma liberdade plena, onde a comunicação é total e absoluta.